sábado, 5 de março de 2016

O Despertar das Forças!

Finn no topo do mundo!

"Há muito tempo atrás, numa galáxia muito distante..."

Por alguma razão que desconheço, as fábricas de brinquedos ignoram o fato de que as crianças Negras também brincam, também sonham em ser seus personagens favoritos e também gostariam de se sentir representadas. Também ligam a TV em determinado horário ou vão ao cinema pra ver alguém com quem elas possam criar um vínculo qualquer que as aproximem de seus heróis.

As coisas vêm mudando positivamente nas últimas décadas, com a introdução cada vez maior de personagens diferentes do padrão hegemônico (homem, branco, heterossexual, cristão, bilionário etc.) nas histórias em quadrinhos, nos filmes, nas séries e na publicidade, de maneira geral. Lógico que ainda estamos a anos-luz do nosso objetivo, mas é melhor andar devagar do que passar a vida inteira parado. Quando eu era criança, isso não era tão frequente. Tive dezenas de bonecos de super heróis, quase todos brancos. Minha infância não foi ruim por isso, mas é lógico que poderia ter sido melhor, me ajudaria a me conhecer melhor e me aceitar desde cedo. Não importa o que digam, é gratificante ser associado a uma coisa boa, isso fortalece a autoestima.

A franquia Star Wars não aborda a temática racial, até porque as histórias se passam em outra galáxia, com seres alienígenas de todas as espécies, e alguém ser tratado diferente apenas por causa da cor da pele seria absurdo. O que torna ainda mais estranha a violenta reação de algumas pessoas, quando o ator Negro John Boyega foi anunciado como um dos protagonistas da nova série de filmes. Chegou-se a criar uma tentativa (fracassada) de boicote ao filme e aos seus produtos. As reações também foram violentas à mudança de etnia do Johnny Storm, o Tocha Humana, no Quarteto Fantástico, antes mesmo de saber que o resto do filme seria realmente ruim (não por causa da atuação de Michael B. Jordan, é bom frisar).

Como eu adoro contrariar essa gente, já estava decidido a comprar o boneco oficial do Finn, personagem de Boyega em Star Wars: O Despertar da Força (2015) e colocá-lo na minha sala, ao lado das esculturas dos deuses africanos Xangô e Ísis, e continuo esperando o lançamento do Pantera Negra, um dos personagens da Marvel que eu mais admiro, por ser o rei de uma nação africana muito poderosa, que desafia toda a lógica eurocêntrica e colonial. Previsto para ser lançado em 2018, Pantera Negra, que será protagonizado por Chadwick Boseman, já teve sua primeira "polêmica" devido à decisão da Marvel de escalar um diretor Negro (Ryan Coogler foi o escolhido) e um roteiro que enfoque questões geopolíticas e, claro, questões raciais.

É preciso lembrar, no entanto, que ainda se faz necessária uma inclusão maior de personagens femininas Negras no mundo dos heróis, e outros brinquedos voltados para as meninas que não se apeguem apenas ao lar. Por que bonecos "para meninos" são heróis e as bonecas "para meninas" são bebês, cada vez mais parecidos com pessoas reais? Os brinquedos devem ter uma função lúdica, interativa e até mesmo educativa, não um treinamento para a maternidade. Com todas as discussões que ganham força ultimamente, é bem provável que as crianças de um futuro não tão distante sejam melhores que grande parte dos adultos do presente.



Nenhum comentário:

Postar um comentário