quarta-feira, 2 de julho de 2014

A Heroína Negra da Independência do Brasil na Bahia

Maria Felipa é mais uma personalidade Negra que não recebeu da historiografia tradicional o devido reconhecimento pelas lutas em prol da independência definitiva do Brasil na Bahia.


"Viva o dia em que Maria Felipa meteu a desgraça em todo mundo!!!"


Maria Auxiliadora Natividade



DE GANHADEIRA A HEROÍNA, MARIA FELIPA, QUE VEIO DO NOSSO POVO NEGRO BAIANO!
VIVA O 2 DE JULHO!

Liderando um grupo de mulheres e homens de diferentes classes e etnias, a Heroína Negra da Independência, como é conhecida, organizou o envio de mantimentos para o Recôncavo, como também as chamadas “vedetas”, que eram vigias nas praias, para prevenir o desembarque de tropas inimigas além de participar ativamente de vários conflitos.

Durante as batalhas, seu grupo ajudou a incendiar inúmeras embarcações: a Canhoneira Dez de Fevereiro, em 1º de outubro de 1822, na praia de Manguinhos; a Barca Constituição, em 12 de outubro de 1822, na Praia do Convento; em 7 de janeiro de 1823, liderou aproximadamente 40 mulheres na defesa das praias. Armadas com peixeiras e galhos de cansanção, surravam os portugueses para depois atear fogo aos barcos usando tochas feitas de palha de coco e chumbo.

Após a independência, Maria Felipa ainda manteve suas posições de desafio ao status quo e as reivindicações da população; na primeira cerimônia de hasteamento da bandeira nacional na Fortaleza de São Lourenço, em Ponta das Baleias, Felipa e seu grupo, do qual são conhecidas Joana Soaleira, Brígida do Vale e Marcolina, invadem a Armação de Pesca de Araújo Mendes, português abastado, e surram o vigia Guimarães das Uvas, evidenciando que as lutas da população itaparicana não haviam terminado e demonstrando a hostilidade que havia entre a população brasileira, principalmente Negra e mulata – chamada de “cabras”.
Maria Felipa de Oliveira é uma representação de como a comunidade itaparicana encara sua participação na Guerra de Independência. Seu caráter popular e aguerrido, suas atividades laborais – marisqueiras, no comércio de baleias, ganhadeira – sua identidade étnico-social – Negra e pobre – fazem dela uma Heroína que agrega em si as características de um grupo que teve uma participação significativa no processo de libertação da Bahia, mas que permanece, sob vários aspectos, ignorado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário