domingo, 26 de janeiro de 2014

Protagonismo Negro: Django Livre


O que faz de Django Livre um filme especial?
Bom, sou suspeito pra falar, porque adoro os filmes de Quentin Tarantino. Gosto do estilo próprio que ele tem e da marca que sabe imprimir em todas as suas obras.
O filme é ambientado na segunda metade do século XIX, momentos antes de estourar a guerra civil estadunidense entre industriais e escravocratas, basicamente. Django Freeman("O 'D' é mudo, caipira!"), brilhantemente interpretado por Jamie Foxx, era um escravo que foi "comprado" pelo Dr. King Schülz (Cristopher Waltz), com a função de ajudá-lo no ofício de caçador de recompensas, identificando criminosos para que o Dr, Schülz terminasse o serviço. Notem a primeira ironia do filme. "Freeman" significa "homem livre", em inglês.
A verdadeira missão de Django, no entanto, é resgatar sua esposa Broomhilda von Scharff (Kerry Washington), que tinha nome alemão, falava o idioma com fluência, e foi vendida separadamente, de propósito, por serem um casal rebelde e "má influência" para os demais escravos. 
Os métodos de Django são violentos? Sim! A escravidão, no entanto, foi um processo  ainda mais violento, que incidiu sobre os corpos e mentes d@s Negr@s em diversas partes do mundo por vários séculos, dizimando um incontável número de pessoas, sobretudo na África e na América, e cujos desdobramentos podem ser percebidos até hoje, no racismo em suas várias facetas. 
É muito bom ver a cara de espanto e satisfação dos outros escravizados ao perceber sua imponência e sua ousadia ao tomar o chicote do capataz e açoitá-lo às vistas de todos, ao ser pago por matar criminosos brancos e outras coisas aos quais não vou mencionar agora, caso o leitor ainda não o tenha assistido.
Sua cruzada  chega até a Candyland de Monsieur Calvin Candie (interpretado por Leonardo DiCaprio), pra onde Broomhilda foi vendida. Não pode passar despercebida a atuação de Samuel L. Jackson, na pele do odioso Stephen, o "preto de alma branca" que todo racista tolera, afinal, o Negro tolerável pra muita gente é aquele que aceita passivamente seu papel de submisso, não contesta as ordens dos brancos, ri de suas piadas de mal gosto e se volta contra os outros Negros sempre que possível, pra não desagradar os brancos. Assim, se opõem às Ações Afirmativas, ao Bolsa Família, aos "rolezinhos" e a qualquer iniciativa das populações Negras que visem lhes tirar do lugar a que foram historicamente designadas.
Vale a pena assistir, mas é bom avisar que o filme segue bem o estilo "Tarantiniano" de sangue e tiros pra todo lado. Para além das cenas de ação, Django Livre mostra uma história de inteligência, estratégia, superação e sátiras bem-humoradas.
Ao final do filme, nos cabem duas perguntas: até onde você iria por amor? E por vingança?

Ficha Técnica

Título Original: Django Unchained
Ano de Lançamento: 2012
Distribuição: Sony Pictures
Elenco: Jamie Foxx, Cristopher Waltz, Leonardo DiCaprio, Kerry Washington, Samuel L. Jackson, Quentin Tarantino
Direção: Quentin Tarantino

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