sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Mais do que pensamentos, tenha ATITUDES positivas!




Que Oxum, o orixá regente de 2011, com sua doçura e beleza, faça com que todos nós tenhamos um ano fantástico e cheio de realizações.
Faça algo de bom por alguém. Algo além de um simples desejo de "Feliz Ano Novo". Algo que demonstre pra essa pessoa o quanto ela é especial.
Em vez de promessas egoístas, pense no que você pode fazer de concreto pela vida dos outros. Doe sangue, roupas, livros...
E o mais importante: faça isso o ano todo, não apenas em datas arbitrárias impostas pelo calendário, pela sua religião ou pelo capitalismo. Seja feliz e faça os outros felizes também.

POSITIVIDADE SEMPRE!!

A gente se vê por aí...

domingo, 26 de dezembro de 2010

ONU lança Ano Internacional para Afro-Descendentes: 2011

Em mensagem à Assembleia-Geral, Ban Ki-moon diz que o evento pretende reforçar o compromisso político para erradicar a discriminação.

cartaz_afro-descendente_400px
As Nações Unidas lançaram, nesta sexta-feira (24.12) em Nova York, o Ano Internacional para Descendentes de Africanos.
Erradicar a discriminação
Num discurso, o Secretário-Geral, Ban Ki-Moon explicou o objetivo do evento, que será marcado em 2011.

Diversidade

Segundo ele, o Ano Internacional tentará fortalecer o compromisso político de erradicar a discriminação a descendentes de africanos. A iniciativa também quer promover o respeito à diversidade e herança culturais.
Numa entrevista à Rádio ONU, de Cabo Verde, antes do lançamento, o historiador guineense Leopoldo Amado, falou sobre a importância de se conhecer as origens africanas ao comentar o trabalho feito com quilombolas no Brasil.

Dimensão

"Esses novos quilombolas têm efetivamente o objetivo primordial de fortalecer linhas de contato. No fundo restituir-se. Restituir linhas de contatos, restituir aquilo que foi de alguma forma quebrada, aquilo que foi de alguma forma confiscada dos africanos, que é a possibilidade de reestabelecer a ligação natural entre aqueles que residem em África, que continuam a residir em África e a dimensão diaspórica deste mesmo resgate. A dimensão diaspórica da África é efetivamente larga e grande", disse.
Ban lembrou que pessoas de origem africana estão entre as que mais sofrem com o racismo, além de ter negados seus direitos básicos à saúde de qualidade e educação.

Declaração de Durban

A comunidade internacional já afirmou que o tráfico transatlântico de escravos foi uma tragédia apavorante não apenas por causa das barbáries cometidas, mas pelo desrespeito à humanidade.
O Secretário-Geral finalizou a mensagem sobre o Ano Internacional para os Descendentes de Africanos, lembrando a Declaração de Durban e o Programa de Ação que pede a governos para assegurar a integração total de afro-descedentes em todos os aspectos da sociedade.
Fonte: Escola do Governo / Portal Geledés

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Biografia



ALDA LARA (Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque. Benguela, Angola, 09.06.1930 - Cambambe, Angola, 30.01.1962).
Era casada com o escritor Orlando Albuquerque. Muito nova foi para Lisboa onde concluíu o 7º ano dos Liceus. Frequentou as Faculdades de Medicina de Lisboa e Coimbra, licenciando-se por esta última. Em Lisboa esteve ligada a algumas das atividades da Casa dos Estudantes do Império (CEI).
Declamadora, chamou a atenção para os poetas africanos.
Depois da sua morte, a Câmara Municipal de Sá da Bandeira instituiu o Prémio Alda Lara para poesia. Orlando Albuquerque propôs-se editar-lhe postumamente toda a obra e nesse caminho reuniu e publicou já um volume de poesias e um caderno de contos. Colaborou em alguns jornais ou revistas, incluindo a Mensagem (CEI).

Figura em
Antologia de poesias angolanas,Nova Lisboa, 1958;
Amostra de poesia in Estudos Ultramarinos, nº 3, Lisboa1959;
Antologia da terra portuguesa - Angola, Lisboa, s/d (196?)1;
Poetas angolanos, Lisboa, 1962;
Poetas e contistas africanos, S.Paulo, 1963;
Mákua 2 - antologia poética, Sá da Bandeira, 1963;
Mákua 3, idem; Antologia poética angolana, Sá da Bandeira, 1963;
Contos portugueses do ultramar - Angola, 2º vol, Porto, 1969.

Livros póstumos
Poemas, Sá da Bandeira, 1966
Tempo de chuva (c), Lobito, 1973

Fonte: www.secrel.com.br

Presença Africana (Alda Lara)

Presença Africana
E apesar de todo,
ainda sou a mesma!


Livre esguia,
filha eterna de quanta rebeldia
me sagrou,
Mãe-África!

Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou, a Irmã-Mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto...

A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...


A do dendêm
nascendo dos abraços das palmeiras...

A do sol bom, mordendo
chão das Ingombotas...


A das acácias rubras,
salpicando de sangue as avenidas,
longas e floridas...

Sim!, ainda sou a mesma.
A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11! ... Rua 11...)
pelos meninos
de barriga inchada e olhos fundos...


Sem dores nem alegrias,
de tronco nu e musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força deste dia...


E eu revendo ainda, e sempre, nela,
aquela
longa história inconsequente...


Minha terra...
Minha, eternamente ...

Terra das acácias, dos dongos,
dos colios baloiçando, mansamente...
Terra!
Ainda sou a mesma.

Ainda sou a que num canto novo
pura e livre
me levanto,
ao aceno do teu povo!
 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Sugestão de Leitura: Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Prandi

Ano de Publicação: 2001
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 592

Mitologia dos Orixás, do sociólogo da USP Reginaldo Prandi, é o maior registro sobre os mitos que circundam o universo iorubá. A obra conta com 301 contos que retratam o lado "humano" das divindades, aproximando-as de nossas angústias e inquietações e nos dando exemplos. Aprendi muito com esse livro, porque ele explica a razão de vários tabus aos quais os filhos de santo são submetidos, apresenta várias fotos e outras indicações de leitura. Os 301 contos escolhidos não o são de forma aleatória. 301, para a tradição iorubá, representa o sem-número, o incalculável. O Infinito.
Sem fazer juízo de valor, já que cada um crê no que quer ou não crê em nada e merece respeito do mesmo jeito, é fascinante para nós que fomos criados tendo a tradição cristã como referência, podermos ver as divindades com problemas e sentimentos que seriam comuns a qualquer pessoa.
Contudo, é importante  considerarmos que os mitos sobre os orixás são oriundos das tradições orais africanas, principal meio de difusão do conhecimento dos mais velhos para os mais novos. Assim, muitas dessas histórias não devem ser levadas ao pé da letra, pois, fazendo um paralelo com a bíblia e as famosas parábolas de Jesus, apenas a título de comparação, seu texto se propõe a dar exemplos e lições, não significa necessariamente que tais fatos ocorreram (apesar de também não negarem tais fatos)
Assim eu finalmente descobri por que Exú sempre é o primeiro nas cerimônias, sendo homenageado juntamente com qualquer outro orixá, descobri como Xangô se tornou o rei de Oió, dentre outras coisas. A leitura é fácil e prazerosa e os contos são pequenos, então dá pra ler sem compromisso e sem pressa de acabar.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sobre nossos medos

"Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes.
Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta.
Nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?" Na verdade, quem é você para não ser tudo isso?...Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você.
E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo".
(Nelson Mandela, em seu discurso de posse da Presidência da República da África do Sul, em 1994)


Tem gente que não entende quando eu acrescento ao meu sobrenome no orkut ou no MSN a frase "Orgulho Inabalável". Confundem com soberba e coisas do tipo. O grande lance é que não há nenhum demérito em você reconhecer suas próprias qualidades. De gostar de si próprio ou saber reconhecer um elogio sincero. Uma amiga sempre me dizia que "sua vida não é só sua",  ou seja, por mais que evitemos pensar nisso ou não tenhamos nos dado conta, sempre existe alguém que gosta de nós ou nos admira por algo que tenhamos feito.
Exemplos são sempre necessários, especialmente para as populações negras que durante muito tempo não tiveram acesso a direitos mínimos, como educação, saúde e condições dignas de trabalho, não ocupam  o mesmo espaço na mídia e ainda são potencialmente marginalizadas. Isso não faz de nós menos capazes.
Nos poucos anos que tenho em sala de aula, pude ver o quanto a minha presença foi importante para quebrar alguns paradigmas. Ver um jovem negro que já era professor despertou a auto-estima de muitos dos meus alunos (alguns com quase a mesma idade que eu), que as vezes pareciam estar olhando pra algo de outro planeta. Conversava muito com eles antes, depois e as vezes até  durante as aulas e SEMPRE fazia questão de mostrar que é possível alcançar nossos objetivos, mesmo sendo pobre, negro e oriundo de escola pública.
Fácil não é. Ninguém nunca disse que seria... Mas se perdermos tempo apenas reclamando, nada vai mudar. Mas, se "deixarmos nossa luz brilhar", como disse Madiba, poderemos ser uma fonte de esperança a quem está pensando em seguir uma trajetória semelhante à nossa. Para que os outros aprendam com nossos erros e acertos e não tenham medo de escolher o seu próprio caminho.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Redemption Song (Bob Marley)

Resolvi postar a tradução de Redemption Song por ser uma das músicas de Bob que mais me lembram a diáspora africana, uma das canções que melhor a representa.


Canção de Redenção

Velhos piratas, sim, eles me roubaram,
Me venderam para navios mercantes
Minutos depois deles terem me tirado
De um buraco menos profundo
Mas minha mão foi fortalecida,
Pela  mão do todo poderoso
Nós avançamos nessa geração
Triunfantemente!

Você não irá ajudar-me a cantar,
Essas canções de liberdade?
Porque tudo o que eu sempre tive são:
Canções de redenção
Canções de redenção

Liberte-se da escravidão mental,
Ninguém além de nós pode libertar nossas mentes
Não tenha medo da energia atômica,
Porque eles não podem parar o tempo
Por quanto tempo vão matar nossos profetas?
Enquanto nós permaneceremos de lado olhando
Huh, alguns dizem que é apenas uma parte disto
Nós temos que completar o Livro

Você não irá ajudar-me a cantar,
Essas canções de liberdade?
Porque tudo o que eu sempre tive são:
Canções de redenção
Canções de redenção
Canções de redenção

Liberte-se da escravidão mental,
Ninguém além de você pode libertar sua mente
Não tenha medo da energia atômica,
Porque eles não podem parar o tempo
Por quanto tempo vão matar nossos profetas?
Enquanto nós permaneceremos de lado olhando
Huh, alguns dizem que é apenas uma parte disto
Nós temos que completar o Livro

Você não irá ajudar-me a cantar,
Essas canções de liberdade?
Porque tudo o que eu sempre tive são:
Canções de redenção
Porque tudo o que eu sempre tive são:
Canções de redenção
Essas canções de liberdade
Canções de liberdade

Link do YouTube:



"Se você é neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado do opressor." (Desmond Tutu)

Criar (Agostinho Neto, poeta de Moçambique)


Criar criar
criar no espírito criar no músculo criar no nervo
criar no homem criar na massa
criar
criar com os olhos secos

Criar criar
sobre a profanação da floresta
sobre a fortaleza impudica do chicote
criar sobre o perfume dos troncos serrados
criar
criar com os olhos secos

Criar criar
gargalhadas sobre o escárnio da palmatória
coragem nas pontas das botas do roceiro
força no esfrangalhado das portas violentadas
firmeza no vermelho-sangue da insegurança
criar
criar com os olhos secos

Criar criar
estrelas sobre o camartelo guerreiro
paz sobre o choro das crianças
paz sobre o suor sobre a lágrima do contrato
paz sobre o ódio
criar
criar paz com os olhos secos.
Criar criar
criar liberdade nas estradas escravas
algemas de amor nos caminhos paganizados do amor

sons festivos sobre o balanceio dos corpos em forcas
                                                          [simuladas

criar
criar amor com os olhos secos.

Mandela e uma nova história de superação ou A África no mapa do futebol

Final de ano é o momento em que fazemos balanços e avaliações. Ponderamos os pontos negativos e positivos que aconteceram no seu decorrer e eu, aficcionado por futebol que sou, não podia deixar de falar sobre a Copa do Mundo realizada na África do Sul e o Mundial de Clubes da FIFA, que está acontecendo em Abu Dhabi, Emirados Árabes.
O primeiro jogo da Copa de 2010, que terminou com o empate entre África do Sul e México por 1x1, simbolizou definitivamente uma nova era. Não que vá acontecer uma mágica e o racismo e as desigualdades simplesmente irão desaparecer. Mas a partir daquele mágico momento em que bilhões de pessoas viram e se emocionaram com a execução do hino sul-africano, no qual muitas pessoas foram às lágrimas (e nelas, me incluo), o país mostrou ao resto do mundo que é possível passar mais de um mês ocupando todos os noticiários sem trazer consigo os estigmas da doença, da corrupção, da instabilidade política, da pobreza, da violência, entre outras coisas.
Madiba não pôde aparecer na estreia devido ao falecimento de sua sobrinha na noite anterior, enquanto voltava da cerimônia de abertura. Mas não resta a menor dúvida do quanto foi importante ver, no país onde Negros e brancos não podiam ocupar o mesmo espaço e cujo homem que sempre pregou a paz e lutou pela igualdade passou décadas preso, 32 nações de diversas culturas e matizes, convivendo sem nenhum incidente, como as potências colonialistas europeias tentaram causar terror durante todo o período de preparação para o evento.
A tremenda sacanagem do uruguaio Luís Suárez, que tirou o gol de Gana com a mão, o gol que levaria pela primeira vez um país africano a uma final de Copa do Mundo não tira o brilho de uma campanha irretocável. E a redenção do continente africano está nas mãos (ou melhor, nos pés) do Mazembe, do Congo, o representante africano no Mundial de Clubes da FIFA.


O Mazembe hoje entrou para a história do futebol mundial, como a primeira equipe do continente a disputar uma final de Mundial de Clubes. De quebra, eliminando o Internacional-RS, fez com que seu adversário se tornasse o primeiro campeão de Libertadores da América que não disputará a final contra o "poderoso" europeu.
A classificação do Mazembe, passou pelo drible na desconfiança da imprensa brasileira, que acreditava que o time era um "cavalo paraguaio", um time sem futuro e já dava como certa a final "Inter X Inter", o italiano contra o brasileiro, menosprezando o time que se classificou pra final fazendo 3 gols e não sofrendo nenhum.
Já passou da hora de o resto mundo notar o continente que vem dando sucessivas demonstrações de força, somando conquistas como as medalhas de ouro nas Olimpíadas de Atlanta e Sidney por Nigéria e Camarões (1996 e 2000, respectivamente), o título do Mundial Sub-20 por Gana sobre o Brasil e agora o Mazembe, figurante de luxo que pretende desafiar a Internazionale de Milão. Independente do resultado desta final, a história vem sendo constantemente reescrita, com novos protagonistas.

PRELÚDIO (Alda Lara)


   
Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra, desce com ela...

Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guisos,
nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.

Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...

Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...

Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...

Que é feito desses meninos 
que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...

Mãe-Negra não sabe nada...

Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo
Mãe-Negra!...

Os teus meninos cresceram,
e esqueceram as histórias
que costumavas contar...

Muitos partiram p'ra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...

Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta bem calada.

É a tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada..
 

Lisboa, 1951 (de Poemas, 1966)

UNESCO disponibiliza coleção História Geral da África para download


Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili.

 Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. 

A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos. 
Download gratuito (somente na versão em português):